Doctor UB: Por que temos unhas?

Já fazia um tempo que eu queria, e muito, ter um espaço fixo aqui no UB para falar de saúde, cuidados, ou seja, mais a parte “de dentro para fora” das nossas unhas. Porque de nada adianta falar só de cores, moda e beleza se a saúde das unhas tá um caos ou se a gente não tem ideia quais são os problemas mais comuns, por exemplo, quais os sintomas e como tratar deles, certo? Fora a ideia de falar sobre saúde, também sentia muita curiosidade em alguns temas que só algum médico poderia me responder. Até que um Dr. apareceu e ele topou a ideia de ser…o Doctor UB! hehehe

O Dr. Alex Botsaris é clínico geral, escritor e leitor do UB! uhuhuh Além de ser super antenado: tem twitter, site, blog e, claro, manja MUITO de saúde. Baixei um livro escrito por ele e vale a pena a leitura, viu? Em nossos vários e-mails trocados, surgiram muitas ideias de pautas para o UB e fiquei muito animada com essa nova tag que acaba de nascer: deem as boas-vindas ao Doctor UB! 🙂

Escolhemos como primeira matéria um tema, ao primeiro ver, super óbvio: por que temos unhas? “Rá, rá, rá, Dani, até parece que eu não sei…(pensa…) é, por que temos mesmo? Pra pintar…e?” Pois bem, degustem o texto do Dr. Alex! 🙂

O esmalte está soltando, as bordas irregulares, vem aquele desconforto nos dedos e acende a luz vermelha que está no dia de cuidar das unhas. Elas estão tão presentes em nossas vidas desde que nascemos, que nunca pensamos porque estão ali. Mas quando nos fazemos perguntas como a do título do artigo, se abre uma nova realidade em nossa frente. Afinal de contas, o que colocou as unhas em nossos dedos? Tenho certeza que após as linhas abaixo, você irá olhar para seus dedos com mais orgulho e vai cuidar delas melhor ainda.

As unhas são consideradas estruturas derivadas da pele e surgiram há muito tempo no processo evolutivo das espécies animais. Segundo os estudos mais recentes de biologia evolutiva e antropologia, os primeiros animais a desenvolver estruturas que foram antepassados de nossas unhas foram os répteis. Estudos feitos em fósseis e achados de biólogos numa cobra que existe na América Central, mostram escamas se fundindo para formar estruturas semelhantes e unhas e garras. Na época dos dinossauros, a grande competição entre os répteis, dominantes então, fez com que as estruturas apendiculares à pele, como couraças, garras e espinhos se desenvolvessem muito, tanto para defesa, como armas de ataque.Mamíferos e aves, novas formas animais que evoluíram dos répteis, mantiveram as garras e outros elementos derivados da pele, considerando a sua importância para a sobrevivência das espécies. Das garras dos répteis vieram as garras de aves, cascos de mamíferos e as nossas unhas. Nos mamíferos encontramos exemplos onde as garras são principalmente armas de ataque – como felinos; elementos para locomoção  – as garras de macacos usadas para subir em árvores; ou proteção das patas, como os cascos de cavalos e vacas. Na espécie humana a houve uma grande diferença evolutiva em relação a outras espécies com a mudança da forma – ficando mais chata, arredondada e delicada, que distingue as unhas das garras animais.Para os humanos as unhas têm várias funções. Elas servem de proteção para a ponta dos dedos, já foram usadas como arma de defesa (quando humanos se confrontavam fisicamente com outros humanos), empregadas para eliminar parasitas de pele (de onde vem o hábito de se coçar), são ferramentas auxiliares para as mãos (quando usamos as unhas para manipular um objeto), e por fim, começaram a ter um papel decorativo.

Os dois fatores que mais influenciaram para nossas unhas ficarem com o aspecto que possuem nos dias de hoje foram a sua participação na mão como ferramenta de modificação de objetos e a aparência estética das mãos. Elas são a base de toda cadeia produtiva do homem, que, com sua habilidade manual construiu ferramentas e depois máquinas, chegando a sofisticação atual. Para isso as unhas precisavam estar perfeitamente adaptadas para manipulação de objetos. Com isso, por exemplo, o homem pode construir armas, e assim as unhas deixaram de ter tanta importância para defesa.

O segundo ponto é a questão estética. Depois da face, as mãos são a parte do corpo que mais chama a atenção das outras pessoas. À medida que o homem evolui socialmente e seus cuidados pessoais ficam mais sofisticados, surge uma preocupação com estética, e então uma das partes do corpo que essa preocupação predomina é nas mãos. Isso explica porque as evidências arqueológicas e históricas que os cuidados com as mãos, como a colocação de adornos como anéis é tão antiga que se perde na história da humanidade.

Da mesma forma as evidências do uso de decoração nas unhas, como elemento de embelezamento feminino é muito antigo. Não está nem definido em que civilização as unhas começaram a ser decoradas. Evidências de uso de tratamentos e decoração nas unhas existem na civilização egípcia, na Índia, e nos povos da mesopotâmia como os Sumérios e Babilônicos. Mas se considera a China o berço dos cuidados com as unhas. Além de muitos antigos os registros chineses são ricos e detalhados. Produtos a base de goma de acácia, resina de pinheiros, cera de abelhas, algas e clara de ovos, eram misturados com corantes naturais para fazer os esmaltes primitivos usados nessa época. Consta ainda que os chineses preferiam cores metálicas como prateado, bronze e dourado, e apenas nobres e altos funcionários do palácio tinham permissão para decorar as unhas

Da tradição indiana herdou-se o uso de óleo de cravo e de canela para reforçar as unhas, e o uso de henna como corante. Dos árabes, veio o uso de azeite, e provavelmente a goma da acácia, já que foi através deles que os chineses conheceram essa árvore. Os egípcios utilizavam um banho com ervas na ponta dos dedos para reforçar a unha e torna-la mais bonita e reluzente.

Na Europa haviam cuidados com as mãos e unhas de origem tradicional, mas o idéia de pintar as unhas foi trazida da China, junto com as primeiras maquiagens, por mercadores venezianos nos séculos XVI e XVII. A aplicação dos produtos era feita com pinceis de crina de camelos fabricados por árabes. Até o século XIX os avanços foram pequenos, com a incorporação de novas resinas que forneciam vernizes mais estáveis e brilhantes. Apenas no século XX é que a pintura das unhas começou a evoluir para um padrão como o que conhecemos atualmente.

Como as coisas nunca param de evoluir, e a decoração das mãos está cada vez ficando mais sofisticada, o céu é o limite para inovações no embelezamento das unhas, como podemos ver na foto abaixo. O importante é sempre lembrar que a beleza deve sempre estar acompanhada de saúde e funcionalidade. É nesse sentido que eu acredito que a decoração de unhas vai evoluir. Enquanto isso, cuide bem das suas unhas, porque elas representam toda a garra dos nossos antepassados que permitiu nossa espécie chegar até onde estamos hoje em dia.

Amei o texto com várias curiosidades da história das unhas! Achei uma ótima maneira de dar boas vindas ao Dr. Alex e também a essa seção!

• E tem mais: se você tiver alguma dúvida sobre a saúde das suas unhas, é só mandar e-mail para dani@unhabonita.com.br com o assunto “Doctor UB” que eu e o Dr. Alex vamos selecionar as mais legais e interessantes para postar aqui no “Doctor UB responde!”